sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Baile de debutantes

Por Felipe Bigliazzi

Amigos, eis a verdade: isso não está certo, nem aqui e nem na China. Não venham taxar este prestigioso colunista de anti-esportista e futeboleiro incorrigível. Mas é de cair o cabelo ver tantas derrotas dos esportistas do terceiro mundo. Ligo a televisão e me deparo com a glória dos gringos e o choro dos briosos canarinhos. Portanto, vamos falar de futebol, pois aqui quem manda somos nós.

Mas como amargura é coisa de outro mundo, não irei homenagear, como na semana passada, o MC Edmundo. Venho aqui informar sobre a primeira rodada do Apertura Argentino, que teve uma elevada média de gols (2,3 gols por partida) e atuações dignas de nota.

Por exemplo, os estreantes goleadores. Estes que debutaram da melhor maneira, fazendo gols. Facundo Sava, para delírio da pequena torcida do Arsenal e dor de cotovelo dos racinguistas, fez logo dois gols na sua estréia em Sarandí, no triunfo de 3-0 do time de Grondona sobre o Argentinos Juniors. O colombiano Jairo Castillo foi outro que anotou um “doblete” em sua estréia pelo Godoy Cruz, na vitória dos mendocinos frente ao Banfield por 2-1. O ex- Boca Mauro Boselli também mostrou que vai dar o que falar jogando pelo Estudiantes. Assinalou dois gols na derrota frente ao Rosário Central, o segundo do meio de campo, surpreendendo o arqueiro canalla. Outra estréia que abalou as estruturas do futebol argentino foi a do uruguaio Robert Flores, meia-atacante do River Plate que fez o gol de empate do conjunto millonario em sua visita ao Colón de Santa Fé. A sua atuação serviu para dar início a comparações exageradas com outro ídolo charrua que fez história em Nuñez. Nada mais nada menos que Enzo Franscescoli. Quem viver, verá...

Resumo da primeira rodada

O torneio teve início com a peculiar vitória do San Martin de Tucumán, que bateu o Huracán por 2-0, com gols do veterano Turdó (após linda linha de passes e desatenção descomunal da defesa rival) e do zagueiro Monge. O San Martin deu mostras de que poderá cumprir um papel digno neste campeonato, mesmo sabendo que terá de brigar muito para escapar do fantasma do rebaixamento que assombra os recém-ascendidos à máxima categoria do futebol argentino. O Huracán, sem querer ser mãe Dinah, terá um futuro dos bravos. Perdeu seus principais jogadores (Franzoia, Eduardo Dominguez, Turco Zarif, Hugo Barrientos e Barovero) e como vimos nesta peleja inicial, vai depender exclusivamente da raça dos garotos da base e do aguante da sua fanática torcida. A promoción é um perigo latente em Parque Patrícios, levando em conta que sua média é a oitava pior dos vinte clubes da primeira divisão. Força Globito.

Ainda na sexta, o Gimnasia La Plata recebeu o Newell’s Old Boys em seu estádio. E para desespero da metade azul de La Plata, o conjunto tripero foi derrotado por 1-0, com gol do lateral German Ré. Apesar de ser começo de temporada, a torcida do Lobo platense já começa a fazer contas. O Gimnasia é o pior colocado na zona de promedio e o nível futebolístico mostrado na primeira rodada é de arrepiar cabelo de cadáver em qualquer IML da capital da província bonaerense. O Newell’s Old Boys vem de fazer uma campanha aceitável no último campeonato. Apesar disso, sua situação não é das mais favoráveis, levando em conta sua baixa média de pontos nas ultimas três temporadas (é o 15º. no promedio). A equipe leprosa aposta na tradição de revelar bons jogadores e na experiência de jogadores rodados como German Ré e Schiavi . Promessa de uma campanha digna para escapar de vez da degola.

No sábado, o supra-sumo da rodada. Rosário Central e Estudiantes realizaram um encontro coronário no Gigante de Arroyito. O Central abriu 2-0 com gols de Zelaya e Danelón. No último lance do primeiro tempo, Mauro Boselli descontou, dando esperança ao conjunto de La Plata. No segundo tempo, Kily Gonzalez ampliou para o Central com uma bomba da entrada área, golaço. Só esqueceram de avisar ao goleiro “canalla”, Broun para voltar ao arco depois do festejo. E se Deus perdoa, Boselli não. Na saída de bola, com um tiro de 50 metros, o artilheiro do jogo diminuiu para 3-2. Recontra golazo. E ficou nisso, os rosarinos deixaram uma boa imagem neste jogo inicial. Há de levar em conta o esforço econômico que o clube fez para repatriar Equi Gonzalez e para contratar a jovem promessa do Huracán, Franzoia. O Central tem potencial para ser a surpresa do torneio. Com jogadores experientes e identificados com o clube, pode escapar de vez da zona da degola(é o décimo quarto na média das ultimas três temporadas, que definem os rebaixados). O Estudiantes é um dos favoritos ao título. Manteve a base, conduzida futebolisticamente pelo craque Verón e ainda trouxe belos reforços ofensivos (Gata Fernandez, Calderón e Boselli). O Pincha pode dar peleja, para o sofrimento ainda maior dos torcedores do Gimnasia.

Arsenal e Argentinos se enfrentaram em Sarandí. Vitória do conjunto local, 3x0. Estréia triunfal do ex-racinguista, Facundo Sava. Papu Gómez completou a festa. O Arsenal, que não está ameaçado pelo rebaixamento, pode desfrutar dessa tranqüilidade para realizar boa campanha neste Apertura, sob o comando do ex-comentarista e meia do Independiente, Daniel Garnero. O Argentinos Juniors está na mesma situação do seu rival na primeira rodada. Goza de tranqüilidade e de bons valores ofensivos, como Peñalba, Hauche e Rengo Diaz. Os bichos vermelhos do bairro de La Paternal poderão surpreender?

Outro estreante brilhou na primeira rodada: foi o Godoy Cruz de Mendoza, que venceu como visitante em Banfield, por 2-1, com gols do atacante colombiano, Jairo Castillo. Nicolas Bertolo anotou o empate transitório do time local. O conjunto da terra do vinho, como todo recém-ascendido, tem como meta escapar do perigo eminente de rebaixamento. Apesar da brilhante vitória na estréia, não terá vida fácil. O Banfield é uma incógnita do tamanho do cabelo de seu arqueiro Luchetti. Perdeu Cvitanich para o futebol europeu e poderá sentir muito a falta do seu artilheiro na luta por manter a categoria.

O jogo que encerrou a rodada de sábado foi também o mais decepcionante. Vélez e Independiente não saíram do zero no José Amalfitani. Apesar disso, as duas equipes prometem brigar pelo titulo. O Rojo de Avellaneda, comandado por Cláudio Borghi, tem uma proposta de jogo interessante. Tratar bem a bola é o lema de Borghi, principalmente pelo lado direito com Fredes e Rolfi Montenegro. A incorporação do jovem Lionel Nuñez poderá ser importante para suprir a ausência de Denis, que partiu para a bota, onde jogará no Napoli. O Vélez rearmou-se para o Apertura. Trouxe o atacante uruguaio Hernan Lopez, além do meio-campista Somoza. Portanto, abram o olho com o Fortín de Liniers, nenes...
Já o River Plate, debutou com um bom empate em Santa Fé. Saiu em desvantagem, com gol de Alejandro Capurro. Os comandados por Cholo Simeone empataram no segundo tempo, com gol do uruguaio Flores. O atual campeão argentino deve sofrer para defender o titulo, já que seu rival eterno dará prioridade ao certame nacional neste semestre. A traumática saída de Ariel Ortega poderá ser um obstáculo e veremos nas próximas rodadas a real situação do conjunto de Nuñez. O Colón se reforçou bem para está temporada e tem obrigação de realizar boa campanha, pois sua situação é bastante incômoda na tabela de promedio (17º., jogaria a Promoción).

Racing e desespero parecem que andam lado a lado. Ninguém em Avellaneda esconde a triste situação do clube. A meta é escapar do rebaixamento, custe o que custar (pouco de preferência, pois o clube esta falido e em situação institucional calamitosa). E para desgosto da sua famosa torcida, a Academia perdeu em casa na estréia para o Lanús. 2-0, gols do artilheiro José Sand. Os jovens jogadores não souberam consumar o domínio racinguista e pagaram caro. O Lanús manteve a base que conquistou o Torneio Apertura em 2007. A única baixa foi o atacante Lautaro Acosta, que partirá ao velho mundo, após a participação argentina nas Olimpíadas. A campanha granate é uma tremenda incógnita, já que no último torneio, com este mesmo time, o futebol apresentado foi desalentador, como diria Nelson Rodrigues: foi o anti-Lánus . Qual Lanús veremos? Eu não me habilito a dizer.

O San Lorenzo perdeu em casa para o Tigre, 1-0, gol de Jonathan Blanco. O Tigre não cansa de surpreender os apreciadores do futebol argentino. Os jovens talentos comandados por Diego Cagna seguirão mostrando a personalidade da temporada passada? Pelo que vimos domingo no Nuevo Gasômetro, não é de se duvidar. O Ciclón não me apetece. Perdeu Ramon Diaz e D’alessandro e apesar de ter um bom plantel, não o vejo como favorito. Bergessio e cia terão de fazer um esforço parecido ao daquela noite histórica no Monumental nas oitavas de final da Libertadores para levar a taça a Boedo.

O Boca sofreu no domingo frente ao Gimnasia de Jujuy. O primeiro tempo foi de amargar chimarrão de gaúcho, sem gols e com sono. No segundo tempo, com a entrada de Gracián e Noir, o Boca foi o velho Boca. O favorito ao título se deu ao luxo de desprezar a ausência de seu grande craque Riquelme, que serve a seleção olímpica. Palermo foi um show, participou de 3 dos 4 gols da tarde. O primeiro foi de Noir. O segundo de Gracián. O terceiro de Battaglia. O colombiano Vargas fechou a goleada em La Bombonera. O Gimnasia de Jujuy, que mostrou muita disposição no primeiro tempo, sucumbiu ao talento xeneize na etapa complementar. O lobo jujeño terá uma vida complicada nesta temporada; ocupa a penúltima posição na tabela de promedios, acima apenas dos primos platenses. Eis os gols da primeira rodada: http://www.youtube.com/watch?v=mNourBfHGHk

A segunda rodada terá inicio nesta sexta-feira, dia 15, e se estenderá até o domingo.
Promessa de “buen futbol”? Veremos papá, veremos.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

A rodar mi amor

Por Felipe Bigliazzi

Amigos, eis a verdade: férias de inverno que não tem frio, e muito menos futebol, não é férias. Um precavido patriota irá me perguntar: “Mas e o campeonato brasileiro, não o satisfaz??”. Eu digo que não, falta o inglês (não o molho) e o argentino (pode ser um vinho, Cabernet Savignon de Mendoza, de preferência).

Nunca foi tão fácil acompanhar o campeonato argentino. O tal do Roja Directa (http://www.rojadirecta.com/), mudou de vez a vida social dos fanáticos por futebol internacional. Podemos desfrutar e acompanhar os campeonatos nacionais de quase todas as ligas importantes do mundo.

O campeonato argentino é um caso à parte. O canal de esportes que detém o direito de transmissão (Torneos y Competencias) arma um esquema ímpar para quem quer acompanhar o torneio na íntegra. Na sexta-feira, abre-se a rodada com dois jogos. O primeiro, às 19 horas e o segundo às 21 horas. No sábado, temos três jogos no final da tarde e um exclusivo às 21 horas, sempre com um dos três grandes em ação (Racing, San Lorenzo ou Independiente), lembrando que Boca e River, atuam sempre aos domingos no esquema pay-per-view (codificado como eles dizem em Buenos Aires, pelo canal TyC Max). Pasen y vean!

Abaixo as fichas e equipes-base das 20 agremiações que disputam a elite do futebol da Argentina, iniciada no dia 9 de agosto.


Argentinos Juniors

Estádio: Diego Armando Maradona (24.000)
Representa: Bairro de La Paternal
Time-base (4-3-1-2): Torrico, Leandro Fleitas, Matias Caruzzo, Andrés Scotti, Prosperi; Ortigoza, Mercier, Sergio Escudero; Rengo Diaz; Hauche e Peñalba
Técnico: Nestor “Pipo” Gorosito

Arsenal

Estádio: Humerberto Grondona “El Viaducto”(18.300)
Representa: Bairro de Sarandí, na cidade de Avellaneda(Grande Bs As)
Time-base (4-4-2): Mario Cuenca; Darío Espínola, Mosquera, Matellán, Cristian Díaz; Sebastián Carrera, Carlos Casteglione, Cristian Pellerano, Yacuzzi; Alejandro Gómez e Facundo Sava.
Técnico: Daniel Garnero

Banfield

Estádio: Florêncio Sola (35.000)
Representa: Banfield (Grande Bs.As)
Time-base (4-4-2): Lucchetti, Galarza, Victor Lopez, Bustamante, Devaca; Nicolás Bertolo, Maximiliano Bustos, Walter Erviti, Civelli; Raymonda e Barrales
Técnico: Jorge Burruchaga

Boca Juniors

Estádio: La Bombonera (Capacidade 50.000)
Representa: Bairro de La Boca
Time-base (4-3-1-2): Caranta, Ibarra, Paletta, Cáceres, Morel Rodriguez; Battaglia, Vargas, Datolo; Juan Roman Riquelme; Palácio e Palermo
Técnico: Carlos Ischia

Colón

Estádio: Cementerio de Los Elefantes (Capacidade 32.500)
Representa: Santa Fé (capital da província de Santa Fé)
Time-base (4-4-2): Blázquez; Aguilar, Garcé, Crosa, Garnier; Falcón, Capurro, Rivarola, Chitzoff; Valdemarín e Ramírez.
Técnico: Antonio “Turco” Mohamed

Estudiantes de La Plata

Estádio: Jorge Luis Hirsch, em reforma.Atuará no Estádio Único de La Plata (37.500)
Representa: La Plata
Time-base (3-4-1-2): Mariano Andujár, Angeleri, Alayes, Desabato; Ivan Moreno y Fabianesi; Rodrigo Braña, Verón, Benitez; Gastón Fernandez; José Luis Calderón e Mauro Boselli
Técnico: Roberto Sensini

Gimnasia y Esgrima de Jujuy

Estádio: 23 de Agosto (Capacidade 23.000)
Representa: Província de Jujuy
Time-base (4-4-2): Nereo Fernández; Rocco, Loeschbor, Desvaux, Franco; Ricardo Gómez, Ramasco, Pieters, Ariel Montenegro; Carranza e Calandria.
Técnico: Omar Labruna

Gimnasia y Esgrima de La Plata

Estádio: Bosque de La Plata (24.000).
Representa: La Plata
Time-base (4-3-1-2): Gaston Sessa, Ormeño, San Esteban, Ariel Agüero, Iriarte; Alderete, Esteban González, Ignacio Piatti; Mariano Messera; Pampa Sosa e Juan Cuevas
Técnico: Guillermo Sanguinetti

Newell’s Old Boys

Estádio: El Coloso del Parque Independência (38.000)
Representa: Rosário
Time-base (4-4-2): Germán Caffa, Pablo Aguillar, Schiavi, Insaurralde, Germán Ré; Machin, Bernardello, Pablo Pérez, Vangioni; Alejandro da Silva e Juan Ferreyra
Técnico: Fernando Gamboa

Huracán

Estádio: Tomás Adolfo Ducó (48.000) – Atuará no estádio do Argentinos Juniors, pois o seu passa por reformas de segurança obrigatórias.
Representa: Bairro de Parque Patrícios
Time-base (4-3-1-2): Oscar Limia, Carlos Araujo, Pablo Goltz, Kevin Cura, Chiche Arano; Leandro Diaz, Gastón Esmeraldo, Castillo; Pastore; Colzera e Casartelli
Diretor-técnico: Cláudio Ubeda

San Martin de Tucumán

Estádio: La Ciudadela ( Capacidade 30.000) – Atuará no estádio de seu rival local, o Atlético Tucumán
Representa: Província de Tucumán
Time-base (4-3-1-2): Marcos Gutiérrez, Noce, Monge, Villavicencio, Solana; Serrano, Cantero, Leone; Patricio Pérez; Ibáñez e Turdó
Técnico: Carlos Roldán

Godoy Cruz

Estádio: Malvinas Argentinas (Capacidade 21.000)
Representa: Província de Mendoza
Time-base (3-4-1-2): Ibáñez; Dutari, Franco, Sigali; Salomón, Garipe, Aguirre, Barrera; Martin Fabro; Leandro Caruso e Jairo Castillo.
Técnico: Daniel Oldrá

Independiente

Estádio: Doble Visera – Atuará no campo do Racing Club. A Doble Visera passa por reconstrução.
Representa: Avellaneda (Grande Bs As)
Time-base (3-4-1-2): Assmann, Fredes, Guillermo Rodriguez, Leandro Gioda, Lucas Mareque; Pusineri, Ledesma, Centurión; ‘Rolfi’ Montenegro; Leonel Nuñez e Ismael Sosa
Técnico: Claudio Borghi

Lanús

Estádio: Ciudad de Lanús (46.000)
Representa: Lanús (Grande Bs As)
Time-base (4-4-2): Bossio, Graieb, Hoyos, Faccioli, Velázquez; Pelletieri, Diego González, Blanco, Valeri; Biglieri e Sand
Técnico: Luis Zubeldía

Racing Club

Estádio: Juan Domingo Perón – Cilindro de Avellaneda( Capacidade 64.100)
Representa: Avellaneda(Grande Bs As)
Time-base (4-3-1-2): Martinez Gullota, Sosa, Avendaño, Mercado, Shaffer; Prichoda, Yacob, Zuculini; Maxi Moralez; Lugüercio e Sánchez Sotelo.
Técnico: Juan Manuel Llop

River Plate

Estádio: Monumental de Nuñez (65.600)
Representa: Bairro de Nuñez
Time-base (3-4-1-2): Juan Ojeda, Tuzzio, Ponzio, Cabral; Ferrari, Ahumada, Abelairas, Villagra; Buonanotte; Radamel Falcao e Salcedo
Técnico: Diego Simeone

San Lorenzo

Estádio: Nuevo Gasometro (37.000)
Representa: Bairro de Boedo
Time-base (4-3-1-2): Orión, Adrián González, Aguirre, Mendez, Torres; Rivero, Chaco Torres, Hirsig; Barrientos; Bernardo Romeo, Bergessio.
Técnico: Miguel Angél Russo

Rosario Central

Estádio: Gigante de Arroyito (41.600)
Representa: Rosário
Time-base (4-3-1-2): Jorge Broun; Danelón, Ribonetto, Braghieri, Jorge Núñez; Jesús Mendez, Leonardo Borzani, Killy González; Ezequiel González; Zelaya e Vizcarra
Técnico: Pablo Vitamina Sanchez

Tigre

Estádio: Monumental de Victoria (30.000)
Representa: Victoria e parte da Zona norte de Gran Buenos Aires
Time-base (4-3-1-2): Daniel Islas, San Román, Paparatto, Blengio, Arruabarrena; Blanco, Castaño, Giménez; Villegas; Luna, Lázzaro.
Técnico: Diego Cagna

Vélez Sarsfield

Estádio: José Amalfitani (49.700)
Representa: Bairro de Liniers
Time-base (4-4-2): Montoya; Díaz, Tobio, Uglessich, Papa; Cubero, Somoza, Nico Cabrera, Zapata; Hernan Lopez e Santiago Silva
Técnico: Hugo Tocalli

Todos os jogos são emitido pelo site http://www.rojadirecta.com/. Ou no link: http://www.justin.tv/widgets/jtv_live.r8444.swf?channel=brujita_veron03

Com os links é possivel acompanhar os principais programas de futebol da Argentina, anote na agenda:

ESTUDIO FÚTBOL(TYC SPORTS): Segunda a sexta , 13 horas. Debates com partipação de famosos cronistas argentinos: Alejandro Fabbri, Gaston Recondo, Horacio Pagani, Gordo Palacios, Leo Farinella e Marcelo Guerrero.

FÚTBOL DE PRIMERA (CANAL 13): Domingo, 22 horas. Compactos de todos os jogos da rodada.

PASO A PASO(TYC SPORTS): Domingo, meia-noite. Programa com reportagens de cada partida da rodada.

A desfrutar muchachos, a desfrutar...y tengo dicho

terça-feira, 17 de junho de 2008

Clássico fora do ponto

Por Gabriel Brito

Brasil e Argentina voltam a campo para mais uma edição do maior clássico do futebol mundial, que por si só já transforma a ocasião em motivo para churrasco, cerveja, camaradas e clima de jogo decisivo.

No entanto, o que parece é que nenhuma das equipes chega ao duelo nas condições mais desejáveis e esperadas. Pelo lado da casa, tem se desenhado um roteiro que para alguns pode ser positivo para o Brasil: time em crise, mal escalado, futebol fraco e técnico contestadíssimo. Pode não ser positivo para amanhã, mas em termos de Copa do Mundo chega a parecer melhor perder o jogo desta quarta (que seria só mais uma frustração recente), entrar em crise irreconciliável e trocar de treinador logo do que rumar para o hexa na África do Sul com Dunga no comando.

Com o crescente costume de avaliar o trabalho de um profissional por um único e obtuso olhar em torno dos resultados, e não também do rendimento apresentado, a primeira derrota em casa na história das Eliminatórias seria realmente providencial.

Porém, ainda prefiro ganhar da Argentina e torcer para que o bom senso esteja presente em nossos tomadores de decisão da CBF e que Dunga seja desligado do cargo qualquer que seja o placar. Nossas exibições no certame até agora, o insuportável esquema com volantes reservas no futebol europeu, o 0-2-agora-não-falta-mais-nada para a Venezuela e a má vontade em se relacionar bem com os principais jogadores do escrete já são motivos mais do que suficientes para que se encerre o estágio concedido pela dona CBF a nosso iniciante capitão do tetra na profissão de treinador.

Do lado argentino, Alfio Basile continua sua busca por impor um estilo argentino, respeitando a velha escola local, para o seu time, que vem de fraca atuação frente o Equador, quando se salvou no último lance. Entretanto, ao contrário do seu par brasileiro, Basile não corre risco no cargo e tampouco tem suas concepções futebolísticas rejeitadas por torcida e imprensa.

Com a obrigação de vencer, o Brasil deve fazer algumas alterações em relação ao time que não coçou o Paraguai nem mesmo com um a mais durante metade do jogo. Saem Diego e Josué, entram Julio Baptista (outro suplente na Europa) e Anderson. De louvável, a tentativa de dar ofensividade e criatividade ao time, ausentes em Assunção, porém, sem um armador de verdade, capaz de organizar e dar ritmo a equipe e ainda por cima com o já desnecessário Gilberto Silva, cada vez mais irritante e impreciso. Adriano e Luis Fabiano disputam a camisa 9, tendo o Imperador ótimas credenciais no jogo, que exatamente por este retrospecto poderia sair jogando.

Pelo lado visitante, sai Demichelis e entra Coloccini ou Gonzalo Rodriguez (bom para nós), enquanto Verón deixa seu lugar para Gago (bom para eles). No ataque, resta a dúvida entre Aguero e Cruz, mais adequado para encarar Lucio e Juan dentro da área, o que claramente lhes faltou contra os equatorianos. Há ainda a possibilidade de se entrar com 3 atacantes e um volante a menos, mas não parece essa a opção mais próxima de ser escolhida.

Para o Brasil, seria bom tentar ganhar o jogo adiantando a marcação, sufocando a saída de jogo e evitando que a bola chegue aos pés de Riquelme e Messi, o que permitiria aos celestes ter o controle do jogo justamente através de seus dois melhores jogadores. Afinal, é muito mais fácil roubar a bola de jogadores como Heinze, Mascherano e Burdisso do que de Roman ou Lio. O Equador fez isso em Nuñez e cortou muitas jogadas argentinas logo na nascente, reduzindo em muito as participações de Verón, Riquelme, Messi e Aguero em todo o jogo.

Apostar em marcação forte em cima de Riquelme e Messi é óbvio e obrigatório, mas poderíamos também nos preocupar em ter jogadores de melhor pé no meio de campo, algo que deveria ser sagrado com amarelinha. A única coisa que não pode acontecer, caso queira-se mesmo vencer o jogo, é deixar com que o toque de bola ‘argento’ se dê em nosso campo defensivo, deixando a partida ao gosto argentino, ou seja, posse de bola em excesso.

Como para amanhã entraremos com a mesma concepção de domingo e da Copa América, resta-nos apostar em um jogo mais físico, de pegada e jogadas em velocidade sempre que possível, de preferência pelas laterais, mais precisamente com Maicon em cima de Heinze. Ficou claro neste ciclo de Basile que os argentinos não suportam muito tal tipo de jogo. Seus jogadores são lentos e privilegiam um jogo mais técnico e sutil sobre o físico. Por isso a saída de Verón para a entrada de Gago é ruim para o Brasil, ainda que a Brujita seja um grande jogador.

Com as cartas na mesa, fica difícil imaginar que a brasilidade divina volte a se manifestar e mais coelhos saiam da cartola canarinha. Os dois estão em momentos instáveis, porém o Brasil caminha para mudanças drásticas e a Argentina já sabe o que quer. Possuem uma mentalidade que não muda há dois anos, enquanto mais uma vez dependemos de acertar uma grande partida isoladamente, o que para o futebol brasileiro é plenamente possível.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Várzea vive

Olá, caros (e raros) leitores desse blog. Abaixo, segue a convocatória a todos que queiram prestigiar o Autônomos FC, time em que jogam os mantenedores do blog, em sua trajetória pela várzea paulistana. Muito obrigado e compareçam, para conferir de perto o que ainda resta de amor à camisa no futebol do século 21. O aviso abaixo foi escrito por Danilo, o Mandioca, manager e atleta do clube.

Amigos,

Neste Sábado, 31/05, o Autônomos FC estreará pelos Jogos da Cidade 2008 enfrentando o Hermanos de Pelé, time de amigos e um já tradicional rival.

Para este jogo, o Auto vem se preparando há quase um mês. Muito melhor estruturado do que em 2007, o Rubro-Negro de Vila Anastácio chega com moral para este confronto: no único jogo entre os dois times no ano, vitória autônoma por 7 x 3.

Ano passado, o time caiu na primeira fase dos Jogos da Cidade ao perder para o Curuzu do Alto da Lapa duas vezes por 4 x 0. Apesar disso, no fim do segundo jogo, a pequena torcida autônoma cantou como se o time estivesse vencendo, superando inclusive a bateria da torcida rival e supreendendo a todos.

Isso deu forças para o Auto no ano que se seguiu. De um amontoado de jogadores que perdia todos os jogos, surgiu um time. Um time que tem um grito homenageando a torcida ao entrar em campo, no lugar dos tradicionais "um por todos, todos por um" ou "1, 2, 3 Autônomos": "vamos, vamos... vamos, vamos... vamos, vamos... torcida autônoma!".

Justamente pra lembrar daquele dia de 23 de junho em 2007, eternizado na história do Auto, em que seus torcedores proclamaram seu amor pela equipe sem se importar com o resultado do campo.

Assim sendo, o Autônomos FC convida a todos os simpatizantes do futebol e da autogestão a comparecer neste sábado ao CDM do Jaguaré, também conhecido como CAJU, localizado à Rua Floresto Bandecchi, 480, travessa da Av. Presidente Altino, em Osasco. A partida contra o Hermanos de Pelé tem seu início marcado para as 13h e o time prepara uma bonita festa, com bandeiras, fogos de artifício e bobinas.

Uma verdadeira manifestação do futebol varzeano, que é o que restou de mais autêntico no mundo do futebol brasileiro.

Venha torcer pelo Auto!

Sábado - 13h
CDM Jaguaré - Rua Floresto Bandecchi, 480 - travessa da Av. Presidente Altino
Jogos da Cidade 2008
Autônomos FC x Hermanos de Pelé

terça-feira, 13 de maio de 2008

Brasileirão 2008: emoção até dezembro

Por Gabriel Brito

Compre sua cerveja e seu ingresso. Já começou mais um Campeonato Brasileiro. Nosso país é assim. Mal saímos do clima das decisões estaduais e já entramos de cabeça no torneio nacional. Tudo isso entremeado por uma penca de jogos tão decisivos quanto desgastantes das copas nacionais e internacionais. Temos, no duro, apenas um dia para ‘entrar no clima’ daquele que poderia ser de longe o melhor campeonato nacional do mundo. Mas como nem tudo acontece da maneira que desejamos, não vale a pena se deter nesse ponto, pois é tema a ser explorado com muito mais profundidade.

O que se pode esperar é mais uma edição bastante equilibrada, sem papões que estejam muito acima de seus adversários, mas sim um grupo de boas equipes que prometem deixar emocionante do princípio ao fim as disputas pelo título e pelas vagas na Libertadores. Sem contar a inglória, porém não menos emotiva, luta contra o rebaixamento.

Após 5 temporadas com o atual sistema de disputa, a fórmula básica para uma boa campanha já é conhecida pela maioria e as desculpas para eventuais fracassos, portanto, são cada vez menos justificáveis. Um bom planejamento desde o início do ano, com treinador e elenco já bem definidos e contratos que permitam a manutenção da base da equipe até dezembro são o mínimo para qualquer um que tenha alguma aspiração no torneio. Claro que, como sempre, boa parte dos times não fez isso.

Uma teoria a ser testada nesta edição é a de que campeonato estadual não serve como parâmetro para projetar o desempenho do clube no Brasileirão, somente para iludir a todos, devido à inferioridade dos adversários locais. É uma meia verdade, pois se dar bem em um torneio, ainda que de menor expressão, não pode significar mau agouro para o próximo. Dirigentes e imprensa são quem devem saber transmitir ao torcedor a verdadeira capacidade das equipes, evitando espalhar euforia e ilusão, que depois se transformam em fúria e crise e comprometem o restante da temporada.

No entanto, ao que parece, neste ano parece que o torneio nacional seguirá algumas tendências dos estaduais e veremos mais confirmações de equipes que já vinham bem do que surpresas proporcionadas por quem estava em baixa.

Em São Paulo, o Palmeiras de novo com uma equipe de porte voltou a ser campeão e entra como um dos claros favoritos, apesar da péssima estréia. O semifinalista São Paulo, eliminado exatamente pelo vencedor, mesmo mal das pernas segue vivo na Libertadores e mostra-se sempre um rival duro em jogos importantes. Como bicampeão, não se pode nem pensar em descartar o tricolor, ainda que seu nível tenha de fato caído. No Rio, tanto o campeão Flamengo (apesar do desastre continental) como o vice Botafogo (apesar dos complexos) aparecem bem cotados e com boas equipes, além do Fluminense, também forte. No sul, ninguém duvida que o campeão Inter é de fato candidatíssimo ao troféu, enquanto que o Grêmio não dá motivos para grande otimismo, em que pese sua vitória sobre o desfalcado tricolor paulista. Fechando o grupo dos principais estados, o campeão mineiro Cruzeiro deve fazer bom papel, ao contrário de seu rival Galo, que deve passar um ano ‘centenada’, com o perdão do trocadilho à esta centenária instituição.

Dando seqüência a essa pequena olhada sobre o que ofereceram os cada vez mais discutidos estaduais, no Paraná a dupla Atletiba, sem forte concorrência, fez a final local, mas sua participação tende a ser mediana, haja visto a decepção que foi na Copa do Brasil. Santa Catarina viu o Figueirense superar o Criciúma, ao mesmo tempo em que na Bahia o Vitória levou a melhor sobre o tricolor da boa terra. Ou seja, duas equipes da primeira divisão superando, é verdade que por pouco, seus pares da Segundona. O Goiás, em péssima fase há tempos, perdeu a taça para o Itumbiara, credenciando-se como nome forte para o descenso, assim como o Náutico, que não resistiu a superioridade do rival Sport no torneio local. O Leão da Ilha, como atesta a Copa do Brasil, mostra que será um adversário encardido para qualquer um. E, por fim, há ainda o Ipatinga, rebaixado já no estadual, com destino provavelmente igual no nacional. De campanhas medianas, Vasco, Santos e Portuguesa devem no máximo repetir a dose. Será mesmo que não servem de parâmetros os tradicionais estaduais?

É cedo demais para se vaticinar a sorte de cada um num torneio tão longo e equilibrado como é o Brasileirão, mas que um trabalho bem feito desde janeiro leva vantagem sobre um que comece em maio, disso ninguém deve discordar. Para apimentar o debate, lembremos que aqueles que talvez tenham priorizado demais o torneio local acabaram se dando mal nas competições paralelas, casos de Flamengo, Cruzeiro e Palmeiras. Santos, São Paulo, Fluminense e Corinthians saíram mais cedo de seus estaduais e se reassentaram na Libertadores e Copa do Brasil. Sem os numerosos e estrelados elencos dos quais dispõem alguns europeus, fica realmente difícil conciliar duas disputas simultâneas. Aí é caso de simplesmente entender o que é mais importante.

No andar de baixo, começa também a Série B. Com a ilustre presença do Corinthians, que agora sim pagará seus inúmeros pecados com uma (merecida) temporada fora de seu habitat natural, todos esperam que o campeonato receba a devida e correta valorização. Com a definição de que em 2009 haverá Série C nos mesmos moldes da A e da B, o horizonte pode começar a ficar um pouco mais aberto para as equipes menores do país. Quanto às dificuldades do torneio, não me venham com as ridículas comparações com a divisão de elite. A diferença técnica é brutal e, para um clube do porte do alvinegro, jogar em tal categoria tendo a estrutura e arrecadação que possui, muito acima dos demais, não se pode admitir nada além de uma fácil classificação à elite em primeiro lugar.

Enfim, começa o 38º Campeonato Brasileiro da história (não digo na atual versão, pois versões foram o que menos faltaram ao longo de todos os anos) e o que se espera mesmo é que o Brasil possa dar passos significativos no que se refere à média de público, consolidação da fórmula de disputa, melhor exploração do seu potencial econômico, organização dos clubes para manter seus elencos e treinadores (que seria muito ajudada com a adaptação do nosso calendário ao europeu), entre outras coisas. Que venham os grandes jogos e que possamos desfrutar de um campeonato à altura de nossas tradições.

Publicado também no Correio da Cidadania.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Segregação é solução?

Por Gabriel Brito

Eis então que São Paulo, a locomotiva do país (cada vez mais fora dos trilhos), inova com mais uma grande idéia para esvaziar o espetáculo: o cadastramento de torcedores organizados. Para ser breve, a idéia consiste em fichar cada integrante desses grupos e ter uma base de dados. Caso existam tumultos em algum jogo, aqueles que forem detidos serão averiguados e, se forem um dos cadastrados, sua punição será maior. Além do mais, haverá nos estádios (não planejados para isso, é claro) um setor específico para eles. E ninguém mais. Pronto, está criado o apartheid do futebol.

Torcedor organizado vai para um lado, torcedor dito 'comum' para outro. E há ainda o setor família, cantinho obscuro que cada time tem que arrumar em seu campo para contemplar essa idéia da federação paulista, em que um pai pode comprar ingressos para toda a família a um preço mais baixo (com limite de idade para os filhos, pois acima de 12 anos não é mais família) e tem um setor exclusivo para ver o jogo. Quer dizer, é na base da generalização que polícia, federação e poder público pensam estar resolvendo alguma coisa. E ainda querem criar área de fumantes no Pacaembu!

Organizados (leia-se marginal para as autoridades) vão para um canto. Família para outro. Como se todos os tipos de torcedores, digo em relação aos perfis, não pudessem conviver em paz por todo o estádio. E estou falando de torcedores do mesmo time! Grande idéia cadastrar os torcedores. Mas parece aquilo que Mané Garrincha respondeu a Feola na Copa de 58, ao receber instruções sobre como deveria driblar os adversários e cruzar: "Você já combinou com o adversário?". É a mesma coisa agora. Querem que o torcedor brigão entregue todos os seus dados antes mesmo de causar qualquer problema. Por acaso algum ladrão que planeja roubar um banco vai se fichar na polícia um dia antes?

Já passou mais de um ano desde a implantação de mais esse paliativo inútil e não se cadastraram nem 10% do contingente imaginado, pois, claro, ninguém quer ser fichado antecipadamente sem ter feito nada. Menos ainda se pretender. O único resultado visual disso é que agora nós, torcedores (alguma dessas autoridades ainda vai publicar um tratado que defina de vez o que é de fato o 'família', o 'comum', o 'organizado'...), somos obrigados a ver setores completamente esvaziados, reservado aos gatos-pingados cadastrados, enquanto que, nos outros, espreme-se o resto da galera que ainda insiste em sair de casa para ver futebol em São Paulo. Tirei fotos em diversos jogos desse ano para comprovar.

Juntam-se às proibições destacadas anteriormente a segregação do público e, a partir daí, chegamos aos três jogos de 2006 entre Corinthians x Palmeiras com média inferior a 20 mil, ao Sansão deste ano com 17 mil no mesmo dia em que o Fla-Flu amistoso levou 41 mil ao Maraca, dentre outras marcas vergonhosas para a história dos clubes e do futebol paulista.

Quem freqüenta estádio e acompanha o mundo da arquibancada sabe: o espetáculo futebolístico em São Paulo é clamorosamente mais pobre do que em qualquer outro estado de razoável expressão no cenário nacional. Ceará e Fortaleza têm um espetáculo visual e popular muito acima de um Corinthians e São Paulo, por exemplo.

Vai ficar assim mesmo?

Depois os paulistas levam a má-fama de serem menos devotos ao futebol do que os torcedores de outras praças.

O pior de tudo é ver todos se acostumarem com tal estado de coisas. A imprensa não faz queixas e críticas às patéticas marcas de público dos clássicos e do próprio campeonato. Mas não perde uma chance de publicar e inflar uma briguinha a mais. E só ouve opiniões oficiais ainda por cima.

Até quando o futebol paulista vai ser vítima de interesses políticos e pessoais, de quem usa a questão da violência para se promover? O que era Fernando Capez antes e depois desse famigerado boom de estupidez? E Major Marinho? Algumas máscaras o tempo trata de tirar, mas mesmo assim se paga um preço muito alto pelo legado que esses pára-quedistas deixam ao futebol.

Quem gosta e ama o jogo quer a festa de volta, os rojões, as milhares de bandeiras empunhadas e não só as de grupos, a chuva de papel picado quando o time entra em campo e por aí afora. É isso que conquistou cada um dos apaixonados por esse jogo, não as intermináveis proibições, maus tratos, preços elevados de ingresso, separações e arquibancadas às moscas. Alguém salve o futebol paulista dos medíocres e acabe com o modelo de 'estádio-prisão' implantado pelos 'sábios da pacificação'.

Publicado no Correio da Cidadania

terça-feira, 25 de março de 2008

Futebol, violência e as enganações de sempre

Por Gabriel Brito

Não é de hoje que se tenta tomar medidas de combate à violência no futebol. Desde a eclosão da onda de brigas de torcida, dentro e fora dos estádios, em meados dos anos 90, seguiram-se tentativas de controlar e eliminar tais barbáries do cenário esportivo nacional.

Todas, absolutamente todas, fracassaram inapelavelmente. A mídia se fartou de explorar o tema, promotores e policiais ficaram famosos por aparecerem nos meios de comunicação listando providências que seriam tomadas e trariam de volta aos campos a tão desejada paz.

Não vamos aqui entrar nos detalhes das propostas anti-violência feitas nesses anos todos. Mas podemos resumir: nenhuma até agora mudou de verdade a realidade nos estádios. No máximo transferiram os palcos de guerra para localidades mais afastadas, onde exercer qualquer controle se torna ainda mais difícil. Ah, também serviram para alavancar a carreira pública de algumas figuras que se notabilizaram por (supostamente) combater esse mal, empreitada na qual falharam estrepitosamente até hoje.

Nos últimos tempos, bem recentes, criou-se uma onda de retorno às arquibancadas, crescimento de público e até renovação nas torcidas. A subida na média de público do Brasileiro 2007 atesta isso e o espetáculo promovido por algumas parcialidades não era visto há um bom tempo por aqui também.

Seria o retorno da festa ao futebol, do futebol à festa, dois parceiros que deveriam caminhar de mãos dadas sempre? Não é bem assim. Na maioria dos estados, a polícia e federação local, dentre outros partícipes, já se deram conta de que a festa deve mesmo se manter ligada ao futebol, pois faz parte da essência do espetáculo, além de ser muito mais atraente para quem vê, seja in loco ou da poltrona. E também deveria ter a mesma consideração por parte da TV, que pode lucrar mais vendendo um produto que é sucesso de público do que o contrário.

No entanto, ainda há um lugar onde predominam o clima de tensão, amargura e repressão: São Paulo. Não é de surpreender, pois se trata do estado tradicionalmente mais conservador e reacionário do país. O que mais se mete a pensar ser primeiro mundo também, apesar de conceder à grande maioria de seus cidadãos uma vida de 3º, 4º mundo.

Na terra da garoa bandeira não entra. Faixa e instrumento musical só se for de organizada, porque torcedor comum aqui não pode se manifestar, não pode nada, só aquele que a própria polícia acusa ser causador de problema, ou seja, o organizado. Jornal? Nem pensar, pois, na visão de quem faz futebol em São Paulo, trata-se de uma arma com potencial de destruição em massa. Papel picado? O mesmo problema do jornal. Faixas e cartazes se manifestando contra algum dirigente? Esqueça, pois liberdade de expressão parece ser um direito não muito bem esclarecido por aqui.

Enquanto isso, o que vemos nos outros estados é o oposto total. Faixas, fogos, bandeiras e toda pirotecnia que se imagine são permitidas aos torcedores que querem levar mais do que suas vozes como forma de apoio e celebração ao time que amam. Claro, talvez tenham percebido nessas terras que o problema não está nos objetos, mas sim, e obviamente, nas pessoas.

Não precisam criar mais leis, projetos, comissões de paz. Já existe amparo legal (sempre existiu na verdade) para combater crimes, brigas e quaisquer delitos ligados ao futebol. Aliás, o esporte não está à margem da sociedade em termos de responsabilidades e de leis. Então, o sujeito que comete uma infração no estádio pode ser punido da mesma forma que aquele que o faz no cinema, no parque, na rua, em qualquer lugar.

Mas nossos 'visionários' da organização do espetáculo pensam diferente. São escravos de novas leis, resoluções, grupos de discussão, comissões e o escambau, só para dar satisfação à sociedade daquilo que não precisa mais ser discutido, somente aplicado.

Publicado no site do Correio da Cidadania.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Motivações*

Por Leandro Iamin

Penúltima rodada do Brasileirão de 2007. Porto Alegre. Após uma falha ao anular gol legítimo do Palmeiras, o Inter-RS vai para o vestiário vencendo por 1 a 0, em gol possivelmente faltoso de Iarley.

Algo aconteceu nos vestiários aquele dia, algum bacumbufo envolvendo diretores e o trio de arbitragem, mas sabe-se que, de qualquer forma, o Palmeiras voltou para o segundo tempo derrotado, tímido como quem broxou na frente da namorada.

A exemplo, aliás, do que acontecera em Belo Horizonte, rodadas antes. Por conta de erros do árbitro, expulsando Pierre e ignorando penalti claro, o alviverde voltou tão sem gás que tomou de 5x0.

Naquele dia, em Porto Alegre, a derrota foi "só" por 2x1. Um pouco mais tarde, no horário das 18h10, o Santos de Luxemburgo virava um jogo contra o Paraná Clube. Estava 2 a 0 para os paranistas, e nos momentos finais, deu-se a virada.

Penso, e não há como não pensar, em como Caio Jr. reagiu nos vestiários do Beira-Rio e do Mineirão. De certo, deu razão ao time, colocou na cabeça dos atletas que haviam sido vítimas, e foi assim que o verdão atuou: achando-se, burramente, protegido das críticas, dispensados da luta, por serem vítimas do árbitro.

Luxemburgo faz outra linha. Paternalismo não é com ele. Nesse domingo, em Bragança, ele elogiou o árbitro para a TV logo ao fim do primeiro tempo. De certo que não aliviou seus comandados, como, de certo, no dia-a-dia, exercita a competitividade e o orgulho do plantel.

O resultado foi uma virada que fez o palmeirense babar. Inimaginável que isso acontecesse pouco tempo atrás. E podemos especular sobre os estilos e as maneiras de se motivar um grupo de futebol.

Caio Jr., que motivou até um Cianorte contra um Corinthians poderoso, mas sucumbiu no fim, pecaria em mais essa? Luxemburgo, das viradas de fôlego, como a série do Corinthians no Paulista de 2001, é o maior responsável pelo espírito de luta do Periquito?

Pra mim, sim e sim.

* Texto publicado no Blog do jornalista Mauro Beting.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Tristeza e melancolia paulista

Por Mauro Kinjo

A festa já não é mais a mesma. Isso é evidente. Os anos de glória ficaram no passado, e é cada vez mais difícil de imaginar que os estádios paulistas voltem a ser o que eram. Querem globalizar o nosso futebol, fazer de conta que vivemos na Europa e que nossa cultura não vale um tostão.

Como grande apreciador deste esporte, fico feliz por ver o futebol do Rio de Janeiro se reerguer. Jogadores interessantes, arquibancadas lotadas, menos dificuldade de aceitar o que somos e como reagimos às coisas. No entanto, é extremamente difícil de engolir que nós paulistas, que até pouco tempo atrás nos gabávamos de uma suposta superioridade futebolística, estamos fazendo uma festa bem menos colorida em nossos estádios que nossos vizinhos cariocas.

Uma das origens do problema é antiga e bem conhecida. Final da Supercopa de Futebol Júnior, 1995, jogo entre Palmeiras e São Paulo. Após a batalha envolvendo os torcedores das duas equipes, transmitida ao vivo pela TV Globo, a Federão Paulista e a Polícia Militar de São Paulo começaram a tomar as rédeas do espetáculo e a transformá-lo em um circo à sua imagem.

Hoje, a polícia não deixa os times de menor expressão mandarem as partidas em suas acanhadas canchas, mas permite que times grandes realizem jogos em estádios igualmente pequenos. A PM deveria estar para proteger e manter a ordem. Aonde quer que seja. E quando ela não garante a segurança do público presente, assina o próprio atestado de incompetência absoluta.

Até quando teremos que aturar incompetentes assumidos no poder?

A Federação por sua vez, proíbe a entrada de faixas, bandeiras, instrumentos musicais e até guardas-chuva e papel picado. E o pior, com o argumento de que estes materiais podem causar atos violentos nos estádios, ou nas suas cercanias.

Na partida entre Nacional de Medellín e São Paulo, mais um chilique de Galvão Bueno e seus comparsas em relação ao muro de policiais que se formam quando um jogador se aproxima para cobrar o escanteio. "É uma vergonha. A Sul-americana precisa acabar com isso!", esbravejava o veterano narrador. Minha dúvida é: será tão difícil entender que o problema da violência é uma questão social, e não futebolística?

Enquanto 'nós' paulistas olhamos para o futebol do primeiro mundo e sentimos inveja, os cariocas e os residentes de outros estados continuam festejando a forma brasileira de ser e de torcer, de quarta e domingo, sem interferências de quem nunca pisou em uma arquibancada.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Ronaldo, meu filho

Por Leandro Iamin

Brasileiro só é solidário no câncer. Na saúde, todo paternalismo é falso e o apoio real não há. O sucesso é tratado e rebatido com chacota e despeito.
Primeiro parágrafo de um revoltado? Sim. De um Ronaldista revoltado.
Hoje eu tenho um sentimento pela Inter de Milão, que beira o amor. Culpa de Ronaldo. Hoje eu tenho 5 estrelas na minha camisa amarelinha. Culpa do Ronaldo. Hoje eu estou transtornado, por culpa do Ronaldo.
Em 1994, ele tinha 17 anos. Ganhou uma Copa, estava com o grupo do tetra. Eu, criança, fiz as contas, em casa. "Se ele pode, eu também posso". Com 17 anos, eu queria estar na seleção!
Fiz 17 anos em 2002. Eu não estava na seleção. O Ronaldo estava.
Ele chutou a Inter? Sem problema, sigo amando Ronaldo, sigo apaixonado pela Inter. Ele foi pro Milan? Ok. Deixa o homem trabalhar.
Deixa o homem namorar! Deixem ele jogar bola, fazer propaganda, deixem! Não deixaram.
Ele estava acima do peso em 2006? Sim, e você não o convocaria? Em 2002, também não? E em 1998, aquela convulsão está mal explicada? Mal explicado é ter o Zagallo de técnico, amigão.
Eis que agora, ele está de novo no chão. Não precisa fazer inferno com a namorada, ou com o peso, ou com a noitada, ou com a falta de gols. Há um fato de verdade. Os tambores bateram no colo do Fenômeno, martelaram seu joelho.
Agora, reprisa-se os gols, o sorriso, as obras de arte do nosso atacante. Cruel, mórbido. "Será que ele volta?". Urubus.
Ronaldo é o primeiro filho desse futebol moderno. Essa coisa do jogador valer dezena de milhões, ser super-forte, fazer merchandising de tudo, ter dois empresários... ele foi o primeiro rato de laboratório na mão desse meio habitado por ratos de esgoto.
Ele paga o preço por isso. "É um problema congênito no joelho"? "É culpa da preparação física lá em 1995"? Agora, é tudo assunto furado. Na hora de fazer piada sobre a gordura dele, ninguém perguntou se era congênito, ou se era culpa do preparo físico.
Quando ele precisou de paz, ninguém deu. Quando ele precisou de alguma ajuda, ainda que em namoradas, foi só bomba. Alguém aí acha que ele precisa, agora, do apoio dos brasileiros?
Na hora de comemorar as alegrias que ele deu ao Brasil, ninguém lembrou-se das piadas a-lá "Casseta & Planeta" que faziam, à náusea, com ele. Não precisam fingir pena dele.
Se ele se importasse com esse apoio inútil, sequer tinha levantado da cama em 2002. Sequer tinha se recuperado depois de 98. agora Inês é morta, aviso os demagôgos.
Ronaldo, ao contrário, é imortal. Como Di Stefano, Puskas, Cruyff, Eusébio. Só que um passo acima.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

O MUNDO ESTRANHO DO FUTEBOL PIAUIENSE

por Mauro Kinjo

O Campeonato Piauiense de futebol não é um dos mais atrativos do Brasil. Entretanto, vem se tornando um dos mais pitorescos. Só na edição do ano passado, dois fatos chamaram a atenção dos torcedores presentes aos canchas de jogo. O primeiro foi a expulsão de um maqueiro que entrou em campo fumando. Por último, foi a vez de um jogador trocar de roupa, e ficar nu, às margens do campo.
O caso ocorreu durante a segunda partida da semifinal entre Parnayba e 4 de Julho, válida pelo segundo turno do torneio. Aos 19 minutos do primeiro tempo, o lateral-direito Bebeto, do 4 de Julho, foi advertido pelo árbitro Afonso Amorim por estar usando um calção térmico de cor diferente (branco) à do uniforme do clube (vermelho). Ele pediu para que o atleta deixasse o gramado e o trocasse.
"Antes de começar o jogo eu já tinha percebido que ele estava com o uniforme fora dos padrões legais, então pedi para que consertasse", disse Afonso, salientando que o atleta o enganou e continuou em campo com o calção térmico.
- Então fui obrigado a solicitar que saísse de campo para trocá-lo ou tirá-lo.
Foi então que o atleta levou a ordem do árbitro da partida ao pé da letra. Na linha de fundo, próximo à meta de seu gol, Bebeto baixou o calção do uniforme, tirou o short térmico e, como estava sem cueca, ficou nu e chamou a atenção de todo mundo, principalmente da torcida, que não gostou muito do que viu.
"Foi então que percebi e imediatamente o expulsei quando ele retornou ao gramado. Em 20 anos de arbitragem só cheguei a presenciar tal fato em jogos do amador, nunca do profissional" - detalhou Amorim.
O lateral Bebeto saiu de campo debaixo de sorrisos e insultos dos quase 2,2 mil torcedores que estavam no Estádio Mão Santa, na cidade de Parnaíba, litoral do Piauí. Ele não quis falar com a imprensa na descida para o vestiário. Na súmula da partida, entregue na Federação de Futebol do Piauí, o árbitro explicou a expulsão como atitude antidesportiva do atleta.
Já a partida, terminou 8 a 1 para o Parnayba, atual bicampeão piauiense de futebol. Destaque para o atacante Cristóvão, que marcou a metade dos gols.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

AQUECIMENTO PRECIPITADO

Por Gabriel Brito

É com grande expectativa que os torcedores aguardam pelo retorno do futebol em suas agendas. Não é para menos. Quarenta e cinco dias sem jogos nos levam mesmo a fortes crises de abstinência e fazem-nos contar nos dedos os minutos restantes para o reinício de tudo. Porém, não adianta, nem para torcida nem para os clubes, que as equipes voltem a campo antes de completar uma pré-temporada decente, capaz de colocar o time em ponto de bala desde a estréia até as longínquas rodadas finais do Brasileirão. É pedir para antecipar as frustrações.
Se na Europa, onde se joga entre 50 e 65 partidas por temporada, os clubes têm no mínimo um mês inteiro só para os trabalhos preparatórios (o que inclusive justifica a menor carga de treinos que existe por lá durante o ano), por que no Brasil, onde pode-se alcançar 80 partidas de janeiro a dezembro, se dão apenas duas semanas de preparação?
O pior de tudo é que as conseqüências já são conhecidas: má qualidade dos jogos iniciais, times se arrumando no meio do campeonato, jogadores estreando na mesma situação, lesões em atletas ainda despreparados para a exigência física dos jogos e por aí afora.
Nessa situação, quem começa mal usa (com razão) a falta de tempo como justificativa dos maus resultados e apresentações. No entanto, com a cobrança de mídia e torcida, as diretorias não agüentam a pressão e para satisfazer as cornetas de plantão, demitem o treinador e jogam fora o pouco que já tinha sido desenvolvido. Chega o novo professor, que indica novos jogadores e comissão técnica e a equipe precisa se reorganizar outra vez. Nisso, o rival melhor armado já está lá na frente da tabela, a paciência da torcida encurta e aquele bla-bla-bla de que as equipes precisam de organização e respaldo para trabalhar é esquecido. Todos querem resultado e pronto.
É essa uma das formas de funcionamento da máquina de moer times, jogadores e técnicos que opera no futebol brasileiro. É estranho, pois em tese ninguém sai ganhando com isso, certo?
Errado. Para federações estaduais e TV, o importante é o circo voltar logo à ativa e que recomece o quanto antes a maratona de jogos. Entendamos: as federações, em geral feudos de cartolas que querem mamar no futebol até a última gota de leite, querem mesmo é inchar os estaduais, para assim vendê-los por algumas moedas a mais e reafirmar seu poder no quadro do futebol nacional. Se isso prejudica o restante da temporada não parece interessar à CBF, pois devemos lembrar que são os presidentes de cada federação local que (re)elegem o mandatário da confederação.
Em relação à televisão, o assunto é outro e já conhecido: a velha (e medíocre) guerra de audiência. Afinal, quem tem os direitos dos jogos não pode ficar dois meses levando pau e perdendo público no horário nobre da quarta-feira. Posto tudo isso na mesa, a conclusão fica fácil. Aqueles que não são parte do espetáculo, mas pagam por ele, impõem seus interesses e os que são o próprio espetáculo apenas obedecem. É como se a Globo colocasse no ar os primeiros capítulos de suas custosas novelas da vida irreal sem que os atores tenham decorado os textos por completo, coisa que obviamente não acontece.
A saída é uma só: ou os clubes e jogadores começam a entender sua verdadeira importância e exigem direitos e condições ideais de trabalho, ou tudo continuará na mesma, pois quem se beneficia desse cenário é que não vai querer mudá-lo.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

IMPERADOR E OS SÚDITOS CHATÕES

Por Gabriel Brito

Deixemos de lado nossas preferências clubísticas e futebolísticas. Parece indiscutível o fato de Adriano ter sido a mais impactante contratação da nova temporada do futebol brasileiro. Pode acabar se revelando um fiasco ao final de seu período no São Paulo, mas seguramente foi a compra mais quente do movimentado mercado de verão.
O que deve sim ser discutida é a forma com que se trata a dita fase de reabilitação do por ora ex-artilheiro. Estão todos cansados de saber dos excessos e fanfarronices promovidas pelo jogador, prontamente assumidas pelo próprio assim que vestiu a camisa 10 tricolor. Sendo assim, não precisamos rememorá-las.
Necessário talvez seja lembrar a única coisa que Adriano pediu aos jornalistas: deixem de lado o apelido Imperador. Ora, se o próprio atleta faz tal pedido, porque afinal de contas é tão difícil que se respeite? Vender jornal, ganhar audiência, puxar o saco, iludir a torcida? Não sei, só sei que o desejo do jogador, de ser chamado simplesmente pelo nome, poderia ser atendido com mais facilidade.
Engraçado é ver a própria mídia dizer por todos os lados que a vida privada do atacante (que tanto já foi exposta e explorada) é problema só dele, e o que faz na noite ou com quem sai também. Sim, porque depois os mesmos sujeitos publicam fotos do jogador com uma lata de cerveja na mão, acompanhada de matéria explicando todos os detalhes do que se passava no local.
Se quiser voltar a jogar e viver em paz, Adriano infelizmente terá de abrir mão de alguns prazeres da vida pessoal, pois gente para vigiá-lo e delatá-lo é o que não falta. E a imprensa, sempre seduzida pela repercussão que pode-se ter do caso, não resiste em estampar no dia seguinte a imagem do centroavante e de quantas loiras estiverem acompanhando-o (sejam as de beber, sejam as de comer).

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

All we need is football

Sejam todos bem vindos a este blog, mais um na rede a falar daquilo que mais interessa à nação: futebol. O resto é papo para elevador.
Tudo bem, não é exatamente assim, mas já fica claro qual o assunto a ser tratado por aqui. Nossa proposta não é de comentar o dia-a-dia do famoso esporte bretão de forma superficial, conformista e alienada. Pretende-se dar aqui um espaço ao verdadeiro torcedor, para quem o futebol é mais que assunto de estado e cujo desempenho no trabalho varia de acordo com os resultados da noite anterior. Talvez o nome deste modesto veículo de informação e debates futebolísticos seja auto-explicativo.
Tentaremos transmitir o olhar e os sentimentos da arquibancada, sem perder de vista o amadorismo que permeia a alma do torcedor e sem nos distanciar do uso da razão e sensatez na hora de analisar o futebol. Pelo menos é essa a idéia. Dentro e fora de campo, pois sabemos que hoje em dia joga-se muito fora das quatro linhas também, para bem e para mal.
Agradecemos desde já a todos que nos visitarem e participarem. Que abram-se as cortinas e comece o espetáculo.