terça-feira, 27 de maio de 2008

Várzea vive

Olá, caros (e raros) leitores desse blog. Abaixo, segue a convocatória a todos que queiram prestigiar o Autônomos FC, time em que jogam os mantenedores do blog, em sua trajetória pela várzea paulistana. Muito obrigado e compareçam, para conferir de perto o que ainda resta de amor à camisa no futebol do século 21. O aviso abaixo foi escrito por Danilo, o Mandioca, manager e atleta do clube.

Amigos,

Neste Sábado, 31/05, o Autônomos FC estreará pelos Jogos da Cidade 2008 enfrentando o Hermanos de Pelé, time de amigos e um já tradicional rival.

Para este jogo, o Auto vem se preparando há quase um mês. Muito melhor estruturado do que em 2007, o Rubro-Negro de Vila Anastácio chega com moral para este confronto: no único jogo entre os dois times no ano, vitória autônoma por 7 x 3.

Ano passado, o time caiu na primeira fase dos Jogos da Cidade ao perder para o Curuzu do Alto da Lapa duas vezes por 4 x 0. Apesar disso, no fim do segundo jogo, a pequena torcida autônoma cantou como se o time estivesse vencendo, superando inclusive a bateria da torcida rival e supreendendo a todos.

Isso deu forças para o Auto no ano que se seguiu. De um amontoado de jogadores que perdia todos os jogos, surgiu um time. Um time que tem um grito homenageando a torcida ao entrar em campo, no lugar dos tradicionais "um por todos, todos por um" ou "1, 2, 3 Autônomos": "vamos, vamos... vamos, vamos... vamos, vamos... torcida autônoma!".

Justamente pra lembrar daquele dia de 23 de junho em 2007, eternizado na história do Auto, em que seus torcedores proclamaram seu amor pela equipe sem se importar com o resultado do campo.

Assim sendo, o Autônomos FC convida a todos os simpatizantes do futebol e da autogestão a comparecer neste sábado ao CDM do Jaguaré, também conhecido como CAJU, localizado à Rua Floresto Bandecchi, 480, travessa da Av. Presidente Altino, em Osasco. A partida contra o Hermanos de Pelé tem seu início marcado para as 13h e o time prepara uma bonita festa, com bandeiras, fogos de artifício e bobinas.

Uma verdadeira manifestação do futebol varzeano, que é o que restou de mais autêntico no mundo do futebol brasileiro.

Venha torcer pelo Auto!

Sábado - 13h
CDM Jaguaré - Rua Floresto Bandecchi, 480 - travessa da Av. Presidente Altino
Jogos da Cidade 2008
Autônomos FC x Hermanos de Pelé

terça-feira, 13 de maio de 2008

Brasileirão 2008: emoção até dezembro

Por Gabriel Brito

Compre sua cerveja e seu ingresso. Já começou mais um Campeonato Brasileiro. Nosso país é assim. Mal saímos do clima das decisões estaduais e já entramos de cabeça no torneio nacional. Tudo isso entremeado por uma penca de jogos tão decisivos quanto desgastantes das copas nacionais e internacionais. Temos, no duro, apenas um dia para ‘entrar no clima’ daquele que poderia ser de longe o melhor campeonato nacional do mundo. Mas como nem tudo acontece da maneira que desejamos, não vale a pena se deter nesse ponto, pois é tema a ser explorado com muito mais profundidade.

O que se pode esperar é mais uma edição bastante equilibrada, sem papões que estejam muito acima de seus adversários, mas sim um grupo de boas equipes que prometem deixar emocionante do princípio ao fim as disputas pelo título e pelas vagas na Libertadores. Sem contar a inglória, porém não menos emotiva, luta contra o rebaixamento.

Após 5 temporadas com o atual sistema de disputa, a fórmula básica para uma boa campanha já é conhecida pela maioria e as desculpas para eventuais fracassos, portanto, são cada vez menos justificáveis. Um bom planejamento desde o início do ano, com treinador e elenco já bem definidos e contratos que permitam a manutenção da base da equipe até dezembro são o mínimo para qualquer um que tenha alguma aspiração no torneio. Claro que, como sempre, boa parte dos times não fez isso.

Uma teoria a ser testada nesta edição é a de que campeonato estadual não serve como parâmetro para projetar o desempenho do clube no Brasileirão, somente para iludir a todos, devido à inferioridade dos adversários locais. É uma meia verdade, pois se dar bem em um torneio, ainda que de menor expressão, não pode significar mau agouro para o próximo. Dirigentes e imprensa são quem devem saber transmitir ao torcedor a verdadeira capacidade das equipes, evitando espalhar euforia e ilusão, que depois se transformam em fúria e crise e comprometem o restante da temporada.

No entanto, ao que parece, neste ano parece que o torneio nacional seguirá algumas tendências dos estaduais e veremos mais confirmações de equipes que já vinham bem do que surpresas proporcionadas por quem estava em baixa.

Em São Paulo, o Palmeiras de novo com uma equipe de porte voltou a ser campeão e entra como um dos claros favoritos, apesar da péssima estréia. O semifinalista São Paulo, eliminado exatamente pelo vencedor, mesmo mal das pernas segue vivo na Libertadores e mostra-se sempre um rival duro em jogos importantes. Como bicampeão, não se pode nem pensar em descartar o tricolor, ainda que seu nível tenha de fato caído. No Rio, tanto o campeão Flamengo (apesar do desastre continental) como o vice Botafogo (apesar dos complexos) aparecem bem cotados e com boas equipes, além do Fluminense, também forte. No sul, ninguém duvida que o campeão Inter é de fato candidatíssimo ao troféu, enquanto que o Grêmio não dá motivos para grande otimismo, em que pese sua vitória sobre o desfalcado tricolor paulista. Fechando o grupo dos principais estados, o campeão mineiro Cruzeiro deve fazer bom papel, ao contrário de seu rival Galo, que deve passar um ano ‘centenada’, com o perdão do trocadilho à esta centenária instituição.

Dando seqüência a essa pequena olhada sobre o que ofereceram os cada vez mais discutidos estaduais, no Paraná a dupla Atletiba, sem forte concorrência, fez a final local, mas sua participação tende a ser mediana, haja visto a decepção que foi na Copa do Brasil. Santa Catarina viu o Figueirense superar o Criciúma, ao mesmo tempo em que na Bahia o Vitória levou a melhor sobre o tricolor da boa terra. Ou seja, duas equipes da primeira divisão superando, é verdade que por pouco, seus pares da Segundona. O Goiás, em péssima fase há tempos, perdeu a taça para o Itumbiara, credenciando-se como nome forte para o descenso, assim como o Náutico, que não resistiu a superioridade do rival Sport no torneio local. O Leão da Ilha, como atesta a Copa do Brasil, mostra que será um adversário encardido para qualquer um. E, por fim, há ainda o Ipatinga, rebaixado já no estadual, com destino provavelmente igual no nacional. De campanhas medianas, Vasco, Santos e Portuguesa devem no máximo repetir a dose. Será mesmo que não servem de parâmetros os tradicionais estaduais?

É cedo demais para se vaticinar a sorte de cada um num torneio tão longo e equilibrado como é o Brasileirão, mas que um trabalho bem feito desde janeiro leva vantagem sobre um que comece em maio, disso ninguém deve discordar. Para apimentar o debate, lembremos que aqueles que talvez tenham priorizado demais o torneio local acabaram se dando mal nas competições paralelas, casos de Flamengo, Cruzeiro e Palmeiras. Santos, São Paulo, Fluminense e Corinthians saíram mais cedo de seus estaduais e se reassentaram na Libertadores e Copa do Brasil. Sem os numerosos e estrelados elencos dos quais dispõem alguns europeus, fica realmente difícil conciliar duas disputas simultâneas. Aí é caso de simplesmente entender o que é mais importante.

No andar de baixo, começa também a Série B. Com a ilustre presença do Corinthians, que agora sim pagará seus inúmeros pecados com uma (merecida) temporada fora de seu habitat natural, todos esperam que o campeonato receba a devida e correta valorização. Com a definição de que em 2009 haverá Série C nos mesmos moldes da A e da B, o horizonte pode começar a ficar um pouco mais aberto para as equipes menores do país. Quanto às dificuldades do torneio, não me venham com as ridículas comparações com a divisão de elite. A diferença técnica é brutal e, para um clube do porte do alvinegro, jogar em tal categoria tendo a estrutura e arrecadação que possui, muito acima dos demais, não se pode admitir nada além de uma fácil classificação à elite em primeiro lugar.

Enfim, começa o 38º Campeonato Brasileiro da história (não digo na atual versão, pois versões foram o que menos faltaram ao longo de todos os anos) e o que se espera mesmo é que o Brasil possa dar passos significativos no que se refere à média de público, consolidação da fórmula de disputa, melhor exploração do seu potencial econômico, organização dos clubes para manter seus elencos e treinadores (que seria muito ajudada com a adaptação do nosso calendário ao europeu), entre outras coisas. Que venham os grandes jogos e que possamos desfrutar de um campeonato à altura de nossas tradições.

Publicado também no Correio da Cidadania.