segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Torcer: uma missão para bravos

por Gabriel Brito

Abro este texto avisando que o conteúdo que se segue é um relato jornalístico-pessoal, o que na verdade é uma simbiose inevitável, mas que admitida pode conferir menos leviandade ao que se subscreve. Trata-se de uma tentativa de analisar e tirar conclusões dos acontecimentos registrados no Morumbi, à saída do clássico entre São Paulo e Corinthians, mais especificamente da nova tarde de violência e estupidez no país da Copa de 2014.

O tema está em todas as manchetes desta segunda, reverbera na cidade toda e será abordado (e investigado?) à exaustão. Mesmo assim, creio agregar algo ao debate relatando minha experiência, ao lado de meu irmão, na epopéia a que nos propusemos viver neste domingo.

É realmente inevitável dissociar os fatos ao final do jogo com o clima criado, por todas as correntes, durante a semana. No meu ponto de vista, o São Paulo FC tem a mais relativa das culpas. Não avisou com grande antecedência que haveria a controvertida, mas legítima, divisão de torcidas em 90% a 10% e estranhamente construiu o setor dos visitantes ao lado da arquibancada onde se localiza a Independente, isto é, os torcedores tidos como mais temíveis. Por que não fazer o visitante no setor amarelo, sempre o menos povoado pelos são paulinos e com 100 metros de distância para suas organizadas?

Por sua vez, o Corinthians, em nova atitude demagógica de sua diretoria, esperneou e direcionou expressões como ‘egoísta’, ‘pequeno’ e ‘irresponsável’ aos seus pares tricolores. Digo assim, pois não é a primeira vez que Andrés Sanchez ‘joga para a torcida’. Ao lado de seu departamento de marketing, vem incorrendo em tal expediente desde o rebaixamento do clube, quando precisou limpar sua barra em relação à gestão anterior e levantar fundos para bancar a monumental dívida com que a quadrilha Dualib, da qual era parte, brindou o alvinegro. E para isso não foram poucas as campanhas publicitárias a exaltar o amor que o corintiano (e mais ninguém aparentemente) tem pelo seu time. Em suma, eles fizeram a dívida, mas como somos nós, a torcida, que pagaremos, é preciso adular-nos e fazer-nos esquecer todas as impropriedades cometidas ao longo dos últimos sei lá quantos anos (só crianças acham que não acontecia nada antes da era MSI). Por isso só a fiel não abandona, só a fiel é roxa pelo time e só a fiel comparece ao estádio na pior. Sem fazer comparações com outras torcidas, são verdades incontestáveis, mas para quem sempre seguiu o time não são novidades e pegam mal em momentos como esse, podendo soar como certo oportunismo também.

Outro capítulo à parte coube à imprensa. Aventou o clima de guerra, repercutindo em excesso declarações tolas da cartolagem, preferindo deixar os esquemas dos professores Mano e Muricy em segundo plano. Tratou a iminência dos distúrbios como alegoria, mas seu papel mais pernicioso na história só começaria a ser protagonizado no anoitecer do domingo e principalmente nas páginas de segunda-feira. Sendo o que resta de jornalismo esportivo compromissado com o seu público, a ESPN Brasil esteve em cima da pinta e logo abordou o assunto de forma realista, expondo que o que ocorrera à saída era culpa, e muita, da PM. Colocou seus repórteres para circular, falar com torcedores (sim, eles também podem ser entrevistados) e, aí sim, colher a posição oficial, das autoridades. Tendo praticado jornalismo, ficou fácil auferir que a responsabilidade da PM na confusão que vitimou dezenas de espectadores (não gado) era no mínimo razoável, o que arrastou alguns outros veículos a mudarem um pouco seu viés chapa-branca, de Diário Oficial da União, na hora de contar os fatos.

Entretanto, Arnaldo Ribeiro, da Placar e ESPN Brasil, foi certeiro. “Nós, jornalistas, devemos também mudar um pouco, acompanhar o que passam esses torcedores nas saídas de jogo, pois realmente não vivemos isso”. Não é preciso dizer muito mais. Quem lê a cobertura de tais acontecimentos sabe que nossa imprensa só sabe ouvir fontes oficiais (policiais, dirigentes e promotores, que, aliás, são a mais nova categoria que se vincula ao futebol) e a partir disso tira suas conclusões de gaveta. “Os marginais, sempre os marginais”, “Ah, essas organizadas”, “Ui, não vá nunca mais ao estádio”, enfim, nada se discute a fundo, não se cobra, permanentemente, punição aos culpados quando um verdadeiro crime ocorre e se estigmatiza completamente o torcedor que ainda mantém sua paixão e faz questão de exercê-la. O jornalista Flavio Prado, que trabalha na TV aberta, se referiu aos cerca de 41 mil pagantes do clássico do paulistão do ano passado como ‘imbecis’. Isso pelo simples fato de terem ido ao Morumbi naquela tarde de Adriano em campo e do único clássico entre ambos em 2008, pois “quem vai ao estádio hoje em dia é isso: imbecil ou marginal. Quem não é de organizada, essa turma que só vai pra brigar, é acobertador de marginal”. Uma volta aos bancos da faculdade seria salutar, pois lhes faria lembrar que um mandamento mais do que básico, obrigatório, da profissão é apurar fatos e versões para além das fontes oficiais e oficiosas.

No entanto, tal preceito não deve constar na redação do Diário de São Paulo, para dar um exemplo. Pois o que lá se lê é o supradito, é a simbolização do trabalho midiático em tais circunstâncias. Apenas fontes oficiais. E mais: ouviram um torcedor alvinegro – anônimo – que imputou a causa da briga aos Gaviões e um morador do bairro que acusou os torcedores de promover um arrastão. E a partir desta altura do texto, torna-se útil ter estado lá.

Fiquei no setor ‘dos 90 reais’, isto é, um pouco mais vazio que o outro corralito alvinegro, logo, mais cômodo. Esperamos os tais 40 minutos para sair, calmamente. Um pouco antes de escurecer, começou a chover fino, o que irritou o pessoal ali presente. Então, começamos a pedir liberação para deixar a arquibancada. No que fomos atendidos pronta e tranquilamente. Comecei a descer a rampa, cheguei à saída e lá já me deparei com os ônibus do comboio de nossa torcida estacionados ao lado do estádio, no contorno da sede social, repleta de policiais, como não deixaria de ser. De repente, ouve-se um estouro, que naquele momento não causou grande preocupação em quem já havia saído. Entrei ao lado do meu irmão e mais um amigo no ônibus, a esperar pela partida. O clima era ameno e parecia que ainda tardaríamos um pouquinho a sair. Mais alguns minutos, ouvem-se mais uns 3 ou 4 estouros. Outro curto lapso de tempo e começam a voltar para os ônibus corintianos, aos montes, manquitolando, queixando-se de dores, quase todos nas pernas. Pensamos: “Bom, enfim, o pau comeu”. Pensávamos que era algo do tipo Gaviões x Polícia mesmo, e por alguma razão gratuita. E a partir daí, o trato dos oficiais mudou: começaram a ordenar aos motoristas que ligassem os ônibus e a tocar os torcedores para dentro deles, muitos ainda sem localizar o veículo que os trouxera. Uma clara e até ali inexplicável mudança de comportamento. E eu já estava contentíssimo de ter visto o esquema de escolta da caravana ter corrido bem na ida, quando saímos do Bom Retiro.

Empreendemos a saída do Morumbi pela Giovanni Gronchi, por onde também chegáramos. Sem explicação, fomos parados ali novamente, esperando outra meia hora, aproximadamente, para retomar o trajeto de volta para a quadra dos Gaviões, que de acordo com a própria PM é a melhor maneira de ir a jogos nessas circunstâncias de parcela minoritária do público. Eu e meu irmão tomamos a decisão de ir com os Gaviões por conta própria, pois já havíamos calculado que, ainda que descamisados, indo sozinhos e pelos trajetos normais correríamos risco de tomar algum susto, para dizer o mínimo. E como era evidente que a caravana das organizadas seria escoltada até a medula, concluímos ser mais seguro ir ao Morumbi com eles. Após essa nova espera, finalmente, por volta de 8 da noite, começamos de fato a ir embora. Contornamos o terminal João Dias, entramos na Marginal Pinheiros e nos mandamos – ainda houve tempo para uma pedrada na janela de nosso veículo, sem maiores consequências.

Portanto, que Gaviões e Polícia tenham se pegado é praticamente uma certeza, resta saber os motivos. A gaguejante entrevista do coronel Velozo foi insegura, seca e contraditória. Como pode ser visto no Blog Vai Lateral, as explicações não se sustentam.

“A torcida do Corinthians partiu pra cima da patrulha da PM, composta por apenas 5 policiais e 1 tenente, e esta revidou”. Eram, segundo o comandante, cerca de 500 torcedores. Primeiro de tudo, suspeita a conta de apenas 5 policiais para fazer a evacuação da torcida. (observação de quem foi ao jogo: eram muito mais) Depois, estranho que 500 torcedores tenham fugido de 5 policiais, mesmo estando estes atirando “apenas 3 bombas de efeito moral”, conta o blog, que ainda expõe o relato de outro torcedor.

“Começou a chover muito, a torcida decidiu se abrigar da chuva nos corredores embaixo da arquibancada e começou a aglomerar a torcida inteira, que chegou até perto dos portões. Aí entra a Tropa de Choque, eles nem perguntaram o que acontecia, viram a massa e já começaram a lançar bombas, balas de borracha, dar borrachada. E o resultado foi que ficaram mais de 3 mil pessoas espremidas num corredor, engolindo gás de pimenta. A PM começou a recuar todo mundo num blocão esmagador, era um verdadeiro rolo compressor humano se esmagando e entre os torcedores se ouvia os gritos de mulheres e até crianças sendo esmagadas, foi uma cena realmente chocante. E assim foi prosseguindo até que a massa espremida foi caindo de costas pela única saída de visitantes. Foi feito um mutirão para ir resgatando as pessoas dali do meio e o resultado é que tinha até mulher grávida desmaiada e entre os muitos feridos, vários com fraturas expostas. E como sempre as organizadas foram as culpadas e a PM está de parabéns”, conta o torcedor, não identificado mas que lá deixou um depoimento.

A versão oficial apresentada foi contradita pelo mesmo Velozo, ao final da improvisada coletiva. “Houve um estouro no estacionamento, os torcedores vieram em nossa direção e a partir disso nos defendemos”. Pois é, fica claro que não se sabia a origem do estouro, nem por parte dos policiais, nem dos torcedores. E mesmo assim o comandante admitiu (na frente de todas as câmeras!) que a reação natural e inicial foi a de revidar, partir para cima de volta, sem nem saber de quem era a culpa, já que até o fim da conversa com os repórteres o policial não afirmou de onde partira esse primeiro estouro. Portanto, a versão de ataque dos torcedores corintianos prova-se falaciosa, ao menos confrontando todas as versões apresentadas, inclusive a oficial. E os instintos de violência da PM ficam novamente desnudados. A propósito, alguém chegou a ver as matérias de capa de janeiro das revistas Caros Amigos e Le Monde Diplomatique? Pois é, lá fica exposto o quão ilibada e realmente irretorquível tem sido a conduta de nossas polícias, ficando fácil compreender o porquê de nossa grande mídia se satisfazer tão facilmente com os pareceres das autoridades.

Quanto ao arrastão, é uma rotunda inverdade. Até porque mal havia ‘o que arrastar’. Cercados que estávamos por policiais, que eram muitos como já dito, não havia a menor possibilidade de se empreender uma ação do tipo. Pelo fato de não haver espaço físico sobrando, de lá estar um contingente enorme de PMs e de nem sequer existir algum ‘alvo’ disponível para vitimizar, se assim decidissem os presumidos marginais.

Antes mesmo de chegar à sede da torcida alvinegra, recebi pencas de ligações de gente que queria saber como estavam as coisas. Meu pai, do Rio de Janeiro, começou a acompanhar o noticiário e já ia nos informando de tudo. E já àquela altura ele me dissera: “O PVC tá dizendo que a culpa é da Polícia”. Bom, a novidade em questão era ver gente da imprensa rapidamente apontando o dedo para o lado oficial da história, não o culpado em si. Pareceu uma luz no fim do túnel ouvir isso, talvez dessa vez a repercussão fosse outra, pensei. Hoje, como não poderia deixar de ser, tratei de acompanhar a repercussão. Parte da mídia de fato se sensibilizou com o lado do torcedor (quem sabe a ESPN não impõe um agenda-setting ‘do bem’), mas outra parte insiste em sua crença inabalável nas autoridades e instituições oficiais de nossa sociedade.

Como foi o caso do citado Diário de S. Paulo. Confesso que a partir disso perdi a vontade de continuar folheando outros jornais, que adoram destacar em fotos colossais as partes trágicas do jogo. “Mas é importante falar disso, é de claro interesse social”, responderão todos. Nenhum imbecil discorda. No entanto, tenho dificuldades em acreditar na vontade de resolver nossas mazelas sociais por parte de um veículo de mídia que na mesma capa coloca uma chamada para matéria sobre o casal recordista em tempo de beijo debaixo d’água e que dedica páginas inteiras a ‘celebridades’ que ganham a vida exibindo peito, bundas e abrindo pernas, inclusive em público. Fico aqui concatenando pensamentos e me sinto mortificado de saber que minha pobre cabecinha é incapaz de compreender o interesse social de tais questões.

Pensando bem, é tudo previsível mesmo, parte do circo. Pois como a grande imprensa tem abordado a crise econômica, senão pelo ponto de vista dos empresários, isto é, de seus causadores, que assim ficam livres para expressar quase sem contraponto suas versões dos fatos, sustentando assim a onda de demissões que já assola o país? E no Paraisópolis, como é a cobertura, senão um mero diariozinho de acontecimentos, evitando-se cuidadosamente entrar em explicações sociológicas dos fatos? E em Gaza, como foi a abordagem, senão pelo massacrante ponto de vista israelense, ignorando o fato de a fundação do Estado de Israel ser um ato de ocupação em si desde os primórdios e também omitindo o fato de que há muito tempo o Hamas aceita o direito a existir do Estado israelense e negociar de acordo com as fronteiras de 1967? Por sorte, saí há pouco tempo da faculdade, o que me faz ter fresquinho na mente a premissa inegociável de que o ‘jornalismo é, antes de tudo, uma função social’. Pois se com assuntos tão mais sérios que o futebol a mídia já esbanja sua (ir)responsabilidade social, o que pensar de uma mera partidinha de Campeonato Paulista? O jornalismo de vassalagem está em voga há muito tempo e não somos nós corintianos que estamos “desmascarando” alguma coisa.

O balanço que se pode fazer, obviamente, é negativo. Mas ao mesmo tempo reflito e vejo que não houve novidades. Ainda mais sendo visitante. Quem entende do que falo, sabe: o tratamento, Brasil afora, de torcidas forasteiras é absurdo, violentíssimo, provocador e humilhante. Fui ao Rio de Janeiro em 2007 ver um jogo contra o Flamengo e não deu outra. Fomos esculachados pela PM carioca, cujo linguajar é inacreditável, do começo ao final do jogo. Na entrada, fomos obrigados a entrar correndo, enquanto os ‘servidores públicos’ (um teórico sinônimo de polícia) giravam seus cassetetes para apressar a entrada, se assim pode ser dito. Lá dentro do Maraca, na hora da saída, ficamos esperando o momento da liberação, enquanto os oficiais tentavam a todo instante fustigar torcedores, através de xingamentos e ordens brutais, como proibição de ir ao banheiro. Isso até conseguirem e poderem se comprazer em conjunto espancando alguém, coisa que fizeram e testemunhei. Em outra visita ao Rio, meu irmão foi ver a semifinal da Copa do Brasil no moderníssimo, dispendioso e superfaturado Engenhão, de onde voltou com escoriação no braço, pois levou uma cacetada quando deixava o banheiro, o que aconteceu com muitos e muitos outros torcedores. Aliás, um vídeo-denúncia chegou a circular no YouTube, com duração de 8 minutos, com diversas atitudes dos oficiais registradas. Houve outras filmagens, mas muitas das pessoas que as fizeram simplesmente tiveram suas máquinas digitais ou celulares tomados e destruídos pela PM carioca. Além de meu irmão, ouvi esse mesmo relato de outras pessoas presentes.

Portanto, o que ocorreu no Morumbi foi apenas mais uma dose da mesma mistura que vem matando o futebol brasileiro nas arquibancadas. Polícia despreparado e/ou violenta, torcidas nem sempre dispostas a cooperar com a ordem e uma mídia ávida por relatar tragédias – basta ver que quase nada se falou da partida, com ou sem razão; cada qual com sua abordagem, mas não se falou. A grande diferença é que dessa vez ficou complicadíssimo lamber a bota da PM e referendar de primeira sua versão. Que sirva para que a mídia MUDE sua atual abordagem do futebol. Que pare de ignorar os inumeráveis sofrimentos do torcedor, de apenas noticiar os crimes relacionados ao futebol sem cobrar permanentemente por suas resoluções, de fingir que não percebe a forçadíssima elitização do nosso esporte querido, de se omitir com os horários cada vez mais pornográficos dos jogos. Aliás, como nessa sociedade todos os processos são impostos de cima para baixo, sugiro que essa elitização do jogo venha de cima também. Ou seja, troquem quem colocou nossos clubes e federações em penúria completa por gente qualificada, estudada em gestão, em marketing, que apresente algum estudo de mercado que justifique qualquer aumento de preços nos ingressos, que não podem continuar a preços tão irrealistas, muito menos quando toda a estrutura em volta permanece igual. Elitizem a gestão do futebol primeiro! Porque me parece impossível modernizar alguma coisa exatamente com as mesmas pessoas que passaram (só no pretérito?) anos sugando, roubando e arruinando nossas entidades esportivas. Nesse caso, a elitização, vejam só, parte de baixo, isto é, primeiro atinge o torcedor, depois.... bem, depois fica por isso mesmo, como tão bem sabemos.

14 comentários:

Anônimo disse...

Texto simplesmente irretocável.

Passarei adiante.

Abraços

Flavio Rodrigues disse...

Gabriel, parabéns pelo texto, e parabéns ao Mauro Beting por divulgá-lo em seu blog. Sou palmeirense, e apesar de nossas cores tão distintas vejo enormes semelhanças entre nós: somos todos uns imbecis que sustentam uma corja irresponsável, desonesta, inconsequente, vil e egoista. Exceção feita às torcidas organizadas, cujo comportamento infelizmente assola a todas as cores e paixões, o torcedor é mesmo tratado como gado e ainda por cima paga, e muito bem, a dolorosa conta (com o perdão do trocadilho). A experiência carioca que Você contou já me foi contada também por amigos saopaulinos que foram ao Maracanã assistir a semi-final de Libertadores no ano passado. Igualzinho. Sabe o que vai acontecer com os responsáveis? Nada. As torcidas organizadas vão continuar a receber ingressos gratuitamente (enquanto Você pagou R$ 90 por um lugar na arquibancada), e os Sanches da vida vão continuar ilesos. Assim com os Mustafás e Juvenais. Quem construiu aquele muro ridículo na saída da arquibancada? A sua informação de que a torcida visitante fica ao lado da Independente é gravíssima. E eu garanto que isso não é um acaso. Alguém será punido por isso? Só Você, eu, e os chamados torcedores comuns. É mesmo uma vergonha. Logo teremos um São Paulo e Palmeiras no mesmo Morumbi, com mando do SPFC e adivinha só que vai acontecer? Acho que deveríamos todos nos unir, e parar de alimentar a essa corja. Não ir aos jogos, não comprar camisas (caríssimas, diga-se), não assinar pey-per-views. Deixemos o futebol para os dirigentes e as torcidas organizadas. Façam uma arena, ou um ringue se preferirem, e divirtam-se . Quero ver do que eles vão viver. Abraços, e até Presidente Prudente. Pelo menos, pela TV aberta poderemos torcer, cada um pelo seu lado, com segurança no clássico mais gostoso depois de Brasil X Argentina. Com rivalidade, mas em paz. Afinal, somos todos adversários, mas não inimigos. Só falta deixarmos de ser otários.

ortsiger disse...

Gabriel,
Antes a Independente era na laranja, a dragões na vermelha e os visitantes nas amarelas atrás do gol dos vestiários.
Mas com essa mudança toda nos anéis do meio do Morumbi, com área visa, loja, etc, está realmente uma bagunça e o SPFC ainda não achou uma saída certa para isso.
Creio que a Independente deveria ficar lá na arquibancada laranja mesmo e a torcida visitante na amarela como sempre foi.
Agora, se realmente o Morumbi for o estádio para a copa de 2014 e algumas mudanças precisarem ser feitas, creio que deve ser repensado tudo o que for relacionado a colocação de torcidas.
Quanto ao que ouve no domingo eu já disse isso em outro lugar.
Sempre precisamos achar um culpado, mas nesse caso, todos foram culpados e ficam com esse jogo de batata quente, totalmente deprimente.

Abraços !

Thomas disse...

Gabriel,

Primeiro, prazer em conhecê-lo. Não sei ao certo como, mas por sorte ao chegar em casa hoje encontrei sua página em meu aberta em meu computador. Me chamo Thomas, sou ex-conselheiro e diretor dos Gaviões da Fiel. Me afastei quando vim estudar veterinária no interior (UNESP-Jaboticabal)e, apesar de ainda ter contatos com a maioria das lideranças (sou bem amigo do Pulguinha,do Tonhão, do Monga, Alex...)e saber tudo que se passa na torcida, já não estou na ativa. Estou estudando para a prova do Itamaraty, por isso não tenho nem ido para São Paulo com frequência. Assim que superar esse obstáculo, tenho muitos planos para viabilizar um caminho de paz para as torcidas e contra a elitização do futebol, juntamente com algumas lideranças da torcida e com algumas pessoas do meio, como por exemplo a professora Heloísa Reis. O Juca Kfouri faria parte disso, mas depois dos debates que tive com ele essa semana, que não foram nada produtivos, já tenho restrições. Penso que ele quer um futebol elitizado mesmo. O fato é que você é a primeira pessoa que vejo escrever com coerência sobre o episódio, abordando aspectos importantes e de maneira abrangente. Gostaria de entrar em contato com você e te inserir nesse contexto. Se puder me ligue, estou morando em Ribeirão Preto (1636308463). Quando eu estiver em Sampa podemos combinar de tomar uma.

abraço,
Thomas
thomascastilho@yahoo.com.br

Thomas disse...

Só uma falha. Essa tal lei não existe no Estatuto do torcedor. Mesmo que existisse deveria ser questionada e abolida. Qual o sentido de deixar um torcedor que quer pagar ingresso do lado de fora de um estádio vazio? E se o motivo for a cor da camisa que ele veste? Aí piorou, não tem nada de estado de direito. Não abraça a idéia que ela é torta. Será que nem nessas horas a "mão invisível do mercado" pode beneficiar os de baixo? Fora isso, o papo de avisar com antecêdencia é conversa fiadíssima.
Israel avisava onde cairiam algumas de suas bombas "cluster". Se avisar pode?

Abraço,
Thomas

Anônimo disse...

Parabéns pela postagem.

O que aconteceu no domingo foi muito sério, não pode ser esquecido nem deixado de lado.

O momento não é para se falar em contemporização, nem em paz.

O MOMENTO É DE SE FALAR EM JUSTIÇA.

Quem liberou aquele trambolho de estádio tem que ser punido, junto com OS BAMBIS, MANDANTES DA PARTIDA.

O trambolho do Jardim Leonor (ou Panetone, ou Morumbicha) sempre foi um lixo. Mas, depois da “modernização” e daquele muro improvisado, ele virou uma armadilha.

QUEM LIBEROU UMA PASSAGEM DE 3 METROS PARA 6000 PESSOAS TEM QUE SER PUNIDO.

QUEM DEIXOU AQUELAS CERCAS SOLTAS, EM MEIO A TORCEDORES DESRESPEITADOS E ENRAIVECIDOS, TEM QUE SER PUNIDO.

O TRAMBOLHO DO JARDIM LEONOR TEM QUE SER INTERDITADO.

Já se interditaram estádios por muito, mas muito menos, do que aconteceu no domingo.

Aqueles que chamaram o Andres de “idiota” são os mesmos que batem palmas para as nada sóbrias atitudes da diretoria dos bambis, e que se calaram com a declaração estúpida daquele imbecil ofendendo os corinthianos, divulgada nessa terça-feira.

Aqueles que chamaram os Gaviões de animais e de bandidos são os mesmos que divulgam as ações da organizada bambi , aquela da Rua 24, mais enaltecendo do que criticando (”mas não falaram que eles eram bambis? pois então…”)

SÃO DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS.

SE O CORINTHIANS FOSSE O MANDANTE E DONO DO ESTÁDIO, A INTERDIÇÃO TERIA SIDO IMEDIATA.

E O PREFEITO E O GOVERNADOR CONVOCARIAM UMA ENTREVISTA COLETIVA, PARA ANUNCIAR QUE “TENDO EM VISTA A GRAVIDADE DOS FATOS OCORRIDOS, FICA CLARO QUE O ESTÁDIO NÃO TEM CONDIÇÕES DE RECEBER JOGOS DA COPA DO MUNDO”, E QUE PROCURARIAM POR OUTRO OPÇÃO.

SE OS DEZENAS DE FERIDOS FOSSEM BAMBIS, NÃO SERIA PRECISO A DIRETORIA DO CLUBE CHAMÁ-LOS DE “MÁRTIRES”. A IMPRENSA TODA SE ENCARREGARIA DISSO.

Portanto, os corinthianos não podem deixar a sua indignação ser abafada por falsos pacifistas ou falsos moralistas, que nada mais são do que advogados informais dos bambis.

OS CORINTHIANOS QUEREM JUSTIÇA.

Vinicius Duarte disse...

Muito bom o teu post, Gabriel.

E veja como a imprensa esportiva é fraca e não se auto-analisa: o Mauro Betting, um dos melhores, publicou o seu texto, não sem antes "editá-lo", retirando exatamente os pontos onde os coleguinhas foi duramente criticados.

Escrevi um no meu blog, intitulado "vamos depredar microfones?", analisando essa imprensinha de merda que cobre esportes.

Abraço e parabéns.

Vinicius Duarte disse...

ooopa! "os coleguinhas FORAM criticados.".

Gabriel Brito disse...

qual o seu blog, Vinicius?

Anônimo disse...

Gabriel,
O blog do Vinicius é comfelelimao.blogspot.com

André Luís Nogueira disse...

Perfeito Gabriel.
Clareza de idéias absurda.
Abraço!

Anônimo disse...

Gabriel...

Meu nome é Marco Aurélio e fiz 2 comentários que te desagradaram.
Preferi vir direto ao ponto de partida ao invés de escrever via Blog do Mauro Beting. Não sou corinthiano, sãopaulino, palmeirense e santista.

Infelizmente discordo de suas ideologias. Para rebater todas suas opiniões (e os outros exemplos que não contestei) eu precisaria ter um blog. Vi que você é jornalista do Correio da Cidadania. Você disse que "ser criticado por alguem assim me alivia". A recíproca é verdadeira. Podemos dizer que sou um contra-revolucionário.


Mas vamos nos ater ao quesito futebol.

Escrevi lá e comentarei aqui:

"...De vez em quando fico pensando se não seria melhor 10.000 famílias com 4 integrantes cada ao invés de 40.000 “torcedores organizados”...

“...A VIOLENCIA SÓ ACABARÁ QUANDO O INFRATOR FOR PRESO...”
Eu também defendo essa idéia. Quando disse no comentário sobre a expulsão era isso que estava querendo dizer. Aliás, vejo que é a ÚNICA SOLUÇÃO. Tem pessoas que defendem a elitização. Eu acredito que um clube deve pensar no fator “bilheteria”. Mas não podemos dividir a violência em camadas sociais. Dizer que os ricos são “bonzinhos” e os pobre são violentos é pura MENTIRA.

Outra coisa, eu não defendi cancelamento de CNPJ. Os torcedores podem se unir a vontade.
O problema é que a violência é ocasionada em sua grande maioria por estes torcedores. Pode ocorrer com torcedores “comuns” não filiado a torcida mas que são adeptos ao modelo adotado por ela.
Uma pergunta sincera: Você sabe de algum torcedor que foi expulso de alguma torcida organizada por portar uma bomba caseira?

Como ainda a prisão de torcedores violentos não está ocorrendo no Brasil, as torcidas organizadas deveriam fazer um “pente-fino” excluindo os baderneiros. Mas não acontece isso. Os violentos são idolotrados. Se infelizmente vier a morrer em uma briga, ele vira mártir.
Termino com uma frase que tinha escrito no comentário anterior: “O torcedor comum quer PAZ. Diferente das torcidas organizadas.”



E agora vejo que você iniciou uma campanha em parceria com outro blog. Sou sincero em dizer que caso tivesse um blog eu aderia a campanha. Tentando fazer uma relação positiva, o que você tem a dizer sobre minhas posições?

Anônimo disse...

Caro, tomei a liberdade de linkar seu post.
Abraço.

Unknown disse...

Olá, Marco Aurélio.

bom, primeiro obrigado por se dar o trabalho de vir comentar e também debater.
confesso q me assustei um pouco com esse negocio de contra-revolucionario, mas nao é esse o pto, como ja dito por vc.

bom, qto as suas opinioes, acho complicado rotular os tipos de torcedor; torcedor familia, torcedor comum, organizado, enfim, nenhum desses termos me agrada.
vou mtas vezes sozinho ao jogo, nao sou brigao, nem levo filho e tal, entao me encaixo em qual? comum? mas isso quer dizer oq exatamente tb? vejo q contribui mto para a crescente segregacao do publico dentro do proprio estadio, tratando uns como bandidos presumidos e outros como gente de bem.
isso por si ja eh mau sinal.
de toda forma, se os 40000 mil em questao forem gente disposta a ver o espetaculo, desfrutar o futebol da maneira como deve ser, preocupando-se apenas com o resultado do jogo. sou a favor desse tipo de torcedor, sem rotulos especificos.

concordo q a impunidade é o fator a impulsionar essa violencia toda, o proprio país da esse maldito exemplo em suas instancias mais altas, entao enqto o exemplo for esse nao da pra esperar uma mudança completa, infelizmente.
há uma clara falta de inteligencia no combate a esse mal, de desconhecimento total dos fatores em questao e dos caras q promovem isso. sem o trabalho preventivo a ineficiencia vai continuar reinando. e isso passa por um arejamento nas instituiçoes tb.
a discussao é mto mais profunda do q o exposto, essa pra mim é a verdade, e isso dificultará demais a compreensao completa do problema.

de fato, nao conheço gente de organizada expulsa por cometer esse tipo de ato. a nao ser em situaçoes mto flagrantes, com repercussao publica e tal, ai fazem isso ate pra manter certa aparencia. mas via de regra nao mesmo.

de modo geral, suas opinioes sobre o tema convergem com as minhas, nao parece q estamos mto distantes nos ptos de vista q defendemos.

o debate precisa continuar , e num novo rumo, o que parece q no momento tem alguma chance de acontecer, qm sabe...
precisamos contribuir da forma q pudermos, e uma discussao creio q agrega algo.

obrigado por passar aqui e deixar o comentario.

abraço e ate mais,

gabriel